segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Criação responsável - 7 pontos essenciais


Somos inundados pelos dois extremos – os anúncios contra a aquisição de animais e os inúmeros anúncios em todas as plataformas e mais algumas de compra e venda. Não queremos criticar ninguém nem as escolhas que cada um faz mas julgamos ser essencial que a informação acerca das práticas de criação responsável passe e se torne senso comum – quanto mais critérios tiver quem compra mais exigente será também a oferta. Se procuramos cães de companhia, venham eles de criadores ou pessoas com ninhadas ocasionais, devemos ter em atenção diversos factores. Enumeramos em seguida alguns:
• Testes de saúde
Embora não sejam garantia, em alguns casos, que o seu cachorro não vai sofrer daquele problema em específico os testes de saúde e a selecção cuidada dos progenitores de acordo com os mesmos tornam a incidência destes problemas cada vez menor. Criar cães que podem vir a sofrer de problemas graves de saúde - testados rapidamente em laboratório – é colocar a vida daquele cão em cheque: muitos são aqueles que acabam abandonados ou negligenciados. Informe-se adequadamente sobre os problemas de saúde mais comuns e peça para ver os testes tanto dos pais como dos antecessores. Pergunte por ninhadas antigas, se for o caso, e fale com algumas famílias. Colocar a saúde dos cães que se cria em primeiro lugar não devia ser um luxo.
• Cuidados base
Procure ver cães bem tratados, com uma alimentação cuidada e que sejam parte da família. Cães que façam actividades com a família e tenham contacto familiar próximo. Os cuidados base são isso mesmo, a base – se aquela pessoa não valoriza os seus cães porque havia de o fazer a criações que possa ter?
• Preocupação com os cachorros
Parece simples, não é? Falando por mim, que já tive a experiência de ser responsável por uma ninhada, pensar em arranjar as famílias correctas para vidas que estão a nosso cargo é uma decisão difícil e que requer muita confiança. Duvide de quem entrega os cachorros sem perguntar absolutamente nada nem querer saber do seu futuro – faria a mesma coisa? Quem cria deve preocupar-se em absoluto com os seus cães, com os cachorros (antes de nascerem, durante o tempo que estão em sua casa e com o futuro deles) e querer manter contacto. Veja as condições em que cães e cachorros estão e os cuidados que são tidos.
• Genética importa
Ouvimos (e dizemos) muitas vezes que o que importa é a educação que cada cachorro recebe mas a verdade é que a genética tem também um papel importante no futuro de cada um dos cachorros. Certifique-se do comportamento e temperamento dos pais e, se possível, de mais membros da família do seu futuro cão. Fique de sobreaviso se vir cães fóbicos, cães que apresentam comportamentos agressivos, cães ansiosos, etc.
• Cães em canis
Se procuramos cães de companhia fará todo o sentido procurarmos cachorros já habituados a estar dentro de uma casa, habituados aos barulhos normais e à vivência familiar. Cachorros que crescem isolados em canil (ou na garagem) são privados da sociabilização que devem ter durante os primeiros dois meses de vida. Os cachorrinhos devem ter contacto familiar próximo, ser manuseados frequentemente e estar com a mãe.
• Treinar cachorros com menos de dois meses?
Sabia que é possível ensinar a ninhada inteira a fazer as necessidades no local correcto logo no primeiro mês? Imagine trazer um cachorro para casa e ele já saber ficar sozinho, comer em kongs, usar coleira ou peitoral (ou mesmo a trela), fazer as necessidades num local específico, entrar na transportadora. Imagine ainda um cachorro que já responde ao chamamento e traz os brinquedos quando atirados. Muito é possível de ser feito, criar bases sólidas no comportamento do cachorro é criar mais garantias e bases para as futuras famílias que os acolhem começarem a trabalhar.
• Sociabilização
A sociabilização é o ponto crítico dos primeiros três meses de um cachorro e não deve ser uma tarefa deixada apenas para as futuras famílias. Isto é crucial – os cachorros TÊM de ser sociabilizados. A sociabilização passa por vários aspectos desde coisas simples como exposição a ambientes diferentes e a sons diversos como por conhecerem muitas pessoas novas, cães e outros animais. Saídas com os cachorros (possivelmente ao colo) são importantes para que conheçam o “mundo lá fora” e se ambientem aos mais diversos estímulos. O contacto com outros cães deve ser feito de forma controlada mas não deve ser limitado à interacção entre a ninhada. Simplesmente não chega.
• Cães miniatura
Uma moda crescente é a comercialização de cães mini, super-miniatura, teacup ou outros. A constante miniaturização de certos cães acarreta problemas de saúde complicados tanto para as cadelas como para os cachorrinhos. Cachorros cada vez mais frágeis e com uma maior propensão a problemas de saúde são de evitar. O mesmo se pode dizer de cães com alterações morfológicas de tal maneira extremas – para se venderem melhor – que implicam complicações para a vida deles.

Em suma – tenha em atenção os cuidados de saúde e bem-estar dos cães e cachorros antes de tomar a sua decisão. Se pretende adquirir um cachorro, em vez de adoptar, pondere adequadamente na questão e em todos os pormenores que considera e devem ser essenciais. Quanto mais pessoas tomarem boas decisões e exigirem boas condições e práticas de criação, menos pessoas haverá a criar cães só porque sim e a ditar-lhe um futuro incerto (mesmo que haja um ou dois cachorros da ninhada muito bem entregues).

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