Durante as férias os cães têm a nossa companhia durante grande parte do dia desabituando-se ao tempo que têm de ficar sozinhos quando o trabalho/escola recomeça. Para além disto, neste período, têm ainda mais passeios – ou seja mais exercício físico – que depois reduz consideravelmente. Depois das férias pode ser difícil para os nossos cães voltarem à rotina normal. Neste artigo vamos explorar algumas opções de forma a propiciar uma rápida adaptação à rotina e minimizar a ansiedade que esta mudança possa causar ao seu cão.
Estimulação mental e exercício físico
Para complementar a redução do
exercício físico devemos promover actividades que estimulem fisicamente os
nossos cães de forma eficiente durante a semana e complementar com estimulação
mental que, para além de ser uma necessidade básica de qualquer cão, ainda
propicia um maior cansaço ao longo do dia evitando o aborrecimento enquanto o
cão está sozinho.
Entre diversas formas de
estimular mentalmente os cães vamos sublinhar os brinquedos dispensadores de
comida pela sua facilidade para o tutor e na implementação na rotina diária do
cão – simplesmente substitua a tijela por um (ou vários) dispensador de comida
onde coloca a ração do cão.
Entre estes brinquedos podemos
destacar os KONG que podemos rechear com pastas de variadas dificuldades e as
bolas dispensadoras de ração (geralmente com um labirinto no interior) onde
podemos colocar a ração diária do cão. Estes brinquedos devem ser dados aos
cães quando ficam sozinhos de forma a terem um escape para o aborrecimento
durante todo o tempo que os tutores estão ausentes de casa.
Para além de brinquedos
dispensadores tem ainda diversas opções como os ossos, gelados (misturar numa
caixa com água, ração, biscoitos e alimentos com um sabor forte – como queijo –
e servir ao cão depois de congelado), ração espalhada pela relva, etc. O que
nos devemos lembrar é de utilizar a ração como recurso importante que é e, em
vez de a colocar na tijela e esperar que desapareça em pouquíssimo tempo,
utilizar a mesma de forma inteligente fazendo com que o cão tenha de utilizar
partes da sua sequencia predatória para ter acesso à mesma.
Quanto ao exercício físico deve
cansar o cão antes de sair de casa – dando um passeio com ele, deixando-o
correr e brincando um pouco dentro ou fora de casa. Utilize os passeios diários
como forma de interagir com o cão seja pedindo-lhe comportamentos que ele já
saiba, recompensar por andar de trela laça ou mesmo brincar. Interagir com o
cão durante o passeio vai fazer com que este seja mais estimulante (vai
cansá-lo mais!) e é uma oportunidade de treinar e generalizar os comportamentos
já aprendidos. Deve ainda variar ao máximo o local por onde passeia.
Para além dos passeios normais
diários crie ainda uma rotina de duas ou três vezes por semana o levar a um
local novo e isolado onde o possa soltar (ou utilizar trela comprida) para que
possa correr e explorar. Inclua ainda diversas oportunidades durante a semana
para interagir com outros cães já que para além de estar a socializar estará
ainda a gastar alguma da energia em excesso, fazendo com que fique mais calmo
durante o dia.
Voltar a estar sozinho
Voltar a estar bastante tempo
durante o dia sozinho pode criar bastante ansiedade no nosso cão já que
passamos de atenção constante para nenhuma atenção de um dia para o outro. Para
minimizarmos o stress desta mudança brusca na rotina devemos voltar a ensinar o
cão a ficar sozinho algum tempo antes de voltarmos ao trabalho – não
deixe este treino para fazer no dia anterior a voltar ao trabalho, reserve
alguns dias de forma a conseguir fazê-lo de forma gradual, positiva e
controlada.
Devemos criar um plano de treino
bastante gradual, minimizando a ansiedade e promovendo comportamentos adequados
de calma, ajustando o nosso plano sempre que necessário. Não devemos nunca
deixar o cão sem nada para fazer durante o tempo em que está sozinho já que
estamos a propiciar comportamentos inadequados como roer objetos inapropriados,
vocalizar, entre outros. Deixe o cão dentro de casa no local onde se sente mais
confortável e onde passa a maior parte do seu tempo, deixe-lhe uma cama
confortável e o kong recheado e saia. Volte um pouco antes de ele ter acabado o
kong ou o osso e retire-lho trocando por um biscoito.
Nota: Para saber o tempo que o
seu cão leva a comer pode dar-lho com supervisão sabendo o tempo médio em que o
faz OU deixar o computador ou um outro telemóvel em vídeo-conferência consigo.
Desta forma, para além de conseguir o timing correcto para voltar, consegue
observar o que o seu cão faz durante este tempo e ajusta conforme necessário.
Aumente muito gradualmente o
tempo que o cão tem de ficar sozinho – comece por muito pouco tempo (por
exemplo, 5/10 minutos) e aumente o tempo de forma aleatória mas não subindo
demasiado a dificuldade. Por exemplo, podíamos fazer primeiro 5 minutos, depois
7, fazer 4, 10, 7, 2, 10, 5, 15 e por aí diante ou seja, a dificuldade não é
sempre crescente e deve ter sempre o foco na reação do cão a esta alteração: se
começar a vocalizar ou a ficar ansioso com a sua ausência está a dar-lhe a
informação que o aumento foi demasiado intenso para o que estava preparado.
Aumente gradualmente o tempo até
conseguir que fique sozinho e calmo durante tanto tempo quanto aquele que
depois vai passar. Pondere ainda ter uma pessoa que o passeie a meio do dia
(aproveitando a hora de almoço, pedindo a familiares ou amigos ou mesmo
contratando uma dog-walker) e que lhe volte a deixar os brinquedos recheados.
Complementando o treino de ficar
sozinho podemos ainda reforçar todos os comportamentos de calma que o cão for
oferecendo durante o dia. É importante lembrar que todos os comportamentos
reforçados serão repetidos com maior frequência logo, utilizando isto a nosso
favor, podemos ensinar o nosso cão a estar calmo e sossegado quando em casa.
Coloque em todas as divisões da
casa, num sítio alto em que o cão não tenha acesso, caixas/copos com grãos da
ração do cão. Sempre que vir o cão relaxado – pode estar deitado, sentado,
quieto num contexto em que não costuma estar (por exemplo se houver barulho no
exterior e for costume ladrar) – e dê-lhe um grão de ração. Ignore o cão se se
levantar e o seguir, lembre-se que está a reforçar apenas quando o cão se
encontra sossegado.
Para além deste exercício em que
estará a capturar momentos de calma oferecidos pelo cão, recompense
continuamente sempre que o cão está na cama. Isto é, começa a recompensar assim
que o cão se deita e vai recompensando constantemente enquanto o cão está na
cama dele.
Pode ainda ensiná-lo a ir para a
cama sob sinal – pegue num pedacinho de comida, faça com que a siga até à cama
e recompense quando ali estiver. Faça isto 3 vezes com a comida na mão e, em
seguida, retire a comida da mão que está a atrair o cão (fazendo o mesmo gesto
que estava a fazer) e recompense assim que colocar as patas na cama.
Resumindo:
·
Aumente a estimulação mental do seu cão –
ofereça-lhe a ração diária através de brinquedos, ossos ou outras alternativas
especialmente quando fica sozinho
·
Torne os passeios diários mais interessantes
treinando e interagindo com o seu cão
·
Faça passeios maiores e em locais isolados com
frequência
·
Dedique o seu tempo a ensinar o seu cão a voltar
a ficar sozinho antes de recomeçar a trabalhar
Sem comentários:
Enviar um comentário