terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Regresso às rotinas pós-férias



Durante as férias os cães têm a nossa companhia durante grande parte do dia desabituando-se ao tempo que têm de ficar sozinhos quando o trabalho/escola recomeça. Para além disto, neste período, têm ainda mais passeios – ou seja mais exercício físico – que depois reduz consideravelmente. Depois das férias pode ser difícil para os nossos cães voltarem à rotina normal. Neste artigo vamos explorar algumas opções de forma a propiciar uma rápida adaptação à rotina e minimizar a ansiedade que esta mudança possa causar ao seu cão.

Estimulação mental e exercício físico
Para complementar a redução do exercício físico devemos promover actividades que estimulem fisicamente os nossos cães de forma eficiente durante a semana e complementar com estimulação mental que, para além de ser uma necessidade básica de qualquer cão, ainda propicia um maior cansaço ao longo do dia evitando o aborrecimento enquanto o cão está sozinho.
Entre diversas formas de estimular mentalmente os cães vamos sublinhar os brinquedos dispensadores de comida pela sua facilidade para o tutor e na implementação na rotina diária do cão – simplesmente substitua a tijela por um (ou vários) dispensador de comida onde coloca a ração do cão.
Entre estes brinquedos podemos destacar os KONG que podemos rechear com pastas de variadas dificuldades e as bolas dispensadoras de ração (geralmente com um labirinto no interior) onde podemos colocar a ração diária do cão. Estes brinquedos devem ser dados aos cães quando ficam sozinhos de forma a terem um escape para o aborrecimento durante todo o tempo que os tutores estão ausentes de casa.
Para além de brinquedos dispensadores tem ainda diversas opções como os ossos, gelados (misturar numa caixa com água, ração, biscoitos e alimentos com um sabor forte – como queijo – e servir ao cão depois de congelado), ração espalhada pela relva, etc. O que nos devemos lembrar é de utilizar a ração como recurso importante que é e, em vez de a colocar na tijela e esperar que desapareça em pouquíssimo tempo, utilizar a mesma de forma inteligente fazendo com que o cão tenha de utilizar partes da sua sequencia predatória para ter acesso à mesma.
Quanto ao exercício físico deve cansar o cão antes de sair de casa – dando um passeio com ele, deixando-o correr e brincando um pouco dentro ou fora de casa. Utilize os passeios diários como forma de interagir com o cão seja pedindo-lhe comportamentos que ele já saiba, recompensar por andar de trela laça ou mesmo brincar. Interagir com o cão durante o passeio vai fazer com que este seja mais estimulante (vai cansá-lo mais!) e é uma oportunidade de treinar e generalizar os comportamentos já aprendidos. Deve ainda variar ao máximo o local por onde passeia.
Para além dos passeios normais diários crie ainda uma rotina de duas ou três vezes por semana o levar a um local novo e isolado onde o possa soltar (ou utilizar trela comprida) para que possa correr e explorar. Inclua ainda diversas oportunidades durante a semana para interagir com outros cães já que para além de estar a socializar estará ainda a gastar alguma da energia em excesso, fazendo com que fique mais calmo durante o dia.


Voltar a estar sozinho
Voltar a estar bastante tempo durante o dia sozinho pode criar bastante ansiedade no nosso cão já que passamos de atenção constante para nenhuma atenção de um dia para o outro. Para minimizarmos o stress desta mudança brusca na rotina devemos voltar a ensinar o cão a ficar sozinho algum tempo antes de voltarmos ao trabalho – não deixe este treino para fazer no dia anterior a voltar ao trabalho, reserve alguns dias de forma a conseguir fazê-lo de forma gradual, positiva e controlada.
Devemos criar um plano de treino bastante gradual, minimizando a ansiedade e promovendo comportamentos adequados de calma, ajustando o nosso plano sempre que necessário. Não devemos nunca deixar o cão sem nada para fazer durante o tempo em que está sozinho já que estamos a propiciar comportamentos inadequados como roer objetos inapropriados, vocalizar, entre outros. Deixe o cão dentro de casa no local onde se sente mais confortável e onde passa a maior parte do seu tempo, deixe-lhe uma cama confortável e o kong recheado e saia. Volte um pouco antes de ele ter acabado o kong ou o osso e retire-lho trocando por um biscoito.
Nota: Para saber o tempo que o seu cão leva a comer pode dar-lho com supervisão sabendo o tempo médio em que o faz OU deixar o computador ou um outro telemóvel em vídeo-conferência consigo. Desta forma, para além de conseguir o timing correcto para voltar, consegue observar o que o seu cão faz durante este tempo e ajusta conforme necessário.
Aumente muito gradualmente o tempo que o cão tem de ficar sozinho – comece por muito pouco tempo (por exemplo, 5/10 minutos) e aumente o tempo de forma aleatória mas não subindo demasiado a dificuldade. Por exemplo, podíamos fazer primeiro 5 minutos, depois 7, fazer 4, 10, 7, 2, 10, 5, 15 e por aí diante ou seja, a dificuldade não é sempre crescente e deve ter sempre o foco na reação do cão a esta alteração: se começar a vocalizar ou a ficar ansioso com a sua ausência está a dar-lhe a informação que o aumento foi demasiado intenso para o que estava preparado.
Aumente gradualmente o tempo até conseguir que fique sozinho e calmo durante tanto tempo quanto aquele que depois vai passar. Pondere ainda ter uma pessoa que o passeie a meio do dia (aproveitando a hora de almoço, pedindo a familiares ou amigos ou mesmo contratando uma dog-walker) e que lhe volte a deixar os brinquedos recheados.
Complementando o treino de ficar sozinho podemos ainda reforçar todos os comportamentos de calma que o cão for oferecendo durante o dia. É importante lembrar que todos os comportamentos reforçados serão repetidos com maior frequência logo, utilizando isto a nosso favor, podemos ensinar o nosso cão a estar calmo e sossegado quando em casa.
Coloque em todas as divisões da casa, num sítio alto em que o cão não tenha acesso, caixas/copos com grãos da ração do cão. Sempre que vir o cão relaxado – pode estar deitado, sentado, quieto num contexto em que não costuma estar (por exemplo se houver barulho no exterior e for costume ladrar) – e dê-lhe um grão de ração. Ignore o cão se se levantar e o seguir, lembre-se que está a reforçar apenas quando o cão se encontra sossegado.
Para além deste exercício em que estará a capturar momentos de calma oferecidos pelo cão, recompense continuamente sempre que o cão está na cama. Isto é, começa a recompensar assim que o cão se deita e vai recompensando constantemente enquanto o cão está na cama dele.
Pode ainda ensiná-lo a ir para a cama sob sinal – pegue num pedacinho de comida, faça com que a siga até à cama e recompense quando ali estiver. Faça isto 3 vezes com a comida na mão e, em seguida, retire a comida da mão que está a atrair o cão (fazendo o mesmo gesto que estava a fazer) e recompense assim que colocar as patas na cama.


Resumindo:
·         Aumente a estimulação mental do seu cão – ofereça-lhe a ração diária através de brinquedos, ossos ou outras alternativas especialmente quando fica sozinho
·         Torne os passeios diários mais interessantes treinando e interagindo com o seu cão
·         Faça passeios maiores e em locais isolados com frequência

·         Dedique o seu tempo a ensinar o seu cão a voltar a ficar sozinho antes de recomeçar a trabalhar

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